segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Real República Rás-Te-Parta

 

  Foi fundada a 27 de Março 1943 na rua dos Estudos, nº17-2º. Foram seus fundadores: - Alexandre Campelo ( o Ditador ), - António Gião ( Ministro dos Abastecimentos ), - Francisco Gião (Guarda do Cofre Aberto ), - João Lencastre ( Dispenseiro-Mor ), - Manuel Silva ( Chanceler do Tesouro ), - António Pimentel ( o Cronista ), - António Cardoso ( Trovador e Provador de Álcoois ), - Mário da Cruz ( Conservador de Objectos Palmados ), - MárioTrepa ( Chefe de Orquestra - 1 cavaquinho ) - e o caloiro João Garrett. Passados seis anos a " República " transitou para a rua da Matemática, nº6, em 1949, onde se encontra actualmente. Em 23 de Fevereiro de 1959, a "República " recebeu Erico Veríssimo e Miguel Torga. O edifício tem dois andares, ocupados pelos estudantes e um rés-do-chão com uma taberna, a que eles lhe chamavam “Casa das máquinas”. Num ano vendeu tanto vinho que o dono do tasco descobriu que os moradores da república fizeram um buraco no soalho e com uma mangueira tiravam-lhe o vinho da pipa, sem pagar. Teve de colocar uma placa no tecto porque os estudantes desculpavam-se que a mangueira era o esgoto do prédio, que eles não gostavam de vinho, até bebiam leite! Tinham uma cozinheira, a Florinda, que quando não havia dinheiro para os gastos diários, trazia da sua casa galinhas, dizendo a rir, que lhas tinha dado o senhor arcebispo! A lâmpada da sala principal era de 1000 velas e nunca se apagava, ficava toda a noite acesa porque havia sempre visitas de outros estudantes de repúblicas vizinhas. No entanto, pagavam os mínimos de electricidade, porque faziam uma engenharia no contador, que só marcava a que queriam. No meu tempo, eram frequentes as visitas de antigos repúblicos, muitos bem na vida em África, nas antigas províncias ultramarinas. Eram dias de festa. Vinham leitões da Bairrada e muito champanhe, tudo pago pelo visitante que depois tinha sempre direito a discurso, quase sempre o orador era o colega Grilo, há 10 anos na república e não conseguiu acabar o curso de direito por causa de uma cadeira, Reais. Nessa noite foi mais uma risota. O Grilo começou bem o discurso. Dizia ele que de um lado do Mondego fica Coimbra. Do outro lado fica… fica…, o nome não lhe ocorria até que um colega o ajudou, santa…santa…santa…diz o Rodrigo aliviado: santa Clara. Bons tempos, das troupes, das serenatas, das garraiadas e dos saudosos fados de Coimbra. Entre muitos outros estudantes, foram seus membros: Adriano Correia de Oliveira, António Correia de Campos, José Manuel de Azevedo Pais, Hélder Martins Gonçalves, Manuel dos Santos Mendes, Luís Victor Gomes da Silva, Abilio Francisco Conde, Amadeu de Carvalho, Alivar Cardoso, Edgar Verdade, José Grilo, Rui de Abreu, etc,etc… Colocado à entrada da república, pode ler-se, desde o seu início, o seguinte aviso: "Entra amigo, entra em Paz Se trazes presunto ou vinho, Mas se é conta, o que te traz - Saímos há bocadinho!..." Abilio Conde, Junho 2012